sexta-feira, 30 de julho de 2010


"Palavras não descrevem os olhos, as bocas, os braços e abraços, nem a alegria até então desconhecida, surgida de um (re) encontro. Pra quem, há dias atrás, refletia tanto as obras do acaso, hoje compreende que realmente, o acaso não passa de um simples nada, e acredita em algo bem maior que isso. Que levará à um próximo reencontro, sem sombra de dúvidas. Mas até lá, todas as músicas cantadas estarão na mente, todos os sorrisos que ainda não acreditavam no que estava acontecendo, todos os olhares que transpareciam toda a magia do momento."

Caio Fernando Abreu

domingo, 25 de julho de 2010

Vai passar...


"Ouça um bom conselho
Que eu lhe dou de graça
Inútil dormir que a dor não passa
Espere sentado
Ou você se cansa
Está provado, quem espera nunca alcança"

Bom Conselho, Chico Buarque


Vai passar, tu sabes que vai passar.
Talvez não amanhã, mas dentro de uma semana, um mês ou dois, quem sabe?
O verão está ai, haverá sol quase todos os dias, e sempre resta essa coisa chamada “impulso vital”.
Pois esse impulso às vezes cruel, porque não permite que nenhuma dor insista por muito tempo, te empurrará quem sabe para o sol, para o mar, para uma nova estrada qualquer e, de repente, no meio de uma frase ou de um movimento te supreenderás pensando algo como “estou contente outra vez”. Ou simplesmente “continuo”, porque já não temos mais idade para, dramaticamente, usarmos palavras grandiloqüentes como “sempre” ou “nunca”.
Ninguém sabe como, mas aos poucos fomos aprendendo sobre a continuidade da vida, das pessoas e das coisas.
Já não tentamos o suicidio nem cometemos gestos tresloucados. Alguns, sim – nós, não.
Contidamente, continuamos. E substituimos expressões fatais como “não resistirei” por outras mais mansas, como “sei que vai passar”.
Esse o nosso jeito de continuar, o mais eficiente e também o mais cômodo, porque não implica em decisões, apenas em paciência.
Claro que no começo não terás sono ou dormirás demais.
Fumarás muito, também, e talvez até mesmo te permitas tomar alguns desses comprimidos para disfarçar a dor.
Claro que no começo, pouco depois de acordar, olhando à tua volta a paisagem de todo dia, sentirás atravessada não sabes se na garganta ou no peito ou na mente – e não importa – essa coisa que chamarás com cuidado, de “uma ausência”.
E haverá momentos em que esse osso duro se transformará numa espécie de coroa de arame farpado sobre tua cabeça, em garras, ratoeira e tenazes no teu coração.
Atravessarás o dia fazendo coisas como tirar a poeira de livros antigos e velhos discos, como se não houvesse nada mais importante a fazer.
E caminharás devagar pela casa, molhando as plantas e abrindo janelas para que sopre esse vento que deve levar embora memórias e cansaços.
Contarás nos dedos os dias que faltam para que termine o ano, não são muitos, pensarás com alívio.
E morbidamente talvez enumeres todas as vezes que a loucura, a morte, a fome, a doença, a violência e o desespero roçaram teus ombros e os de teus amigos.
Serão tantas que desistirás de contar.
Então fingirás – aplicadamente, fingirás acreditar que no próximo ano tudo será diferente, que as coisas sempre se renovam.
Embora saibas que há perdas realmente irreparáveis e que um braço amputado jamais se reconstituirá sozinho.
Achando graça, pensarás com inveja na lagartixa, regenerando sua própria cauda cortada. Mas no espelho cru, os teus olhos já não acham graça.
Tão longe ficou o tempo, esse, e pensarás, no tempo, naquele, e sentirás uma vontade absurda de tomar atitudes como voltar para a casa de teus avós ou teus pais ou tomar um trem para um lugar desconhecido ou telefonar para um número qualquer (e contar, contar, contar) ou escrever uma carta tão desesperada que alguém se compadeça de ti e corra a te socorrer com chás e bolos, ajeitando as cobertas à tua volta e limpando o suor frio de tua testa.
Já não é tempo de desesperos.
Refreias quase seguro as vontades impossíveis.
Depois repetes, muitas vezes, como quem masca, ruminas uma frase escrita faz algum tempo. Qualquer coisa assim:
- … mastiga a ameixa frouxa. Mastiga , mastiga, mastiga: inventa o gosto insípido na boca seca …

(Caio Fernando Abreu)

sexta-feira, 23 de julho de 2010

Caio Fernando Abreu, ainda vão ler muito dele aqui

Alento

Quando nada mais houver,
eu me erguerei cantando,
saudando a vida
com meu corpo de cavalo jovem.
E numa louca corrida
entregarei meu ser ao ser do Tempo
e a minha voz à doce voz do vento.
Despojado do que já não há
solto no vazio do que ainda não veio,
minha boca cantará
cantos de alívio pelo que se foi,
cantos de espera pelo que há de vir.

(Extraído do livro Caio Fernando Abreu- Caio 3D, O Essencial da Década de 1970, p.144)

"Só não poderá falar assim do meu amor
Este é o maior que você pode encontrar
Você com a sua música esqueceu o principal
Que no peito dos desafinados
No fundo do peito bate calado
Que no peito dos desafinados também bate um coração

Desafinado, Tom Jobim




É,está tudo bem sim, eu fico feliz. Acho que também estava com saudades...Não,não é isso, é que eu prefiro tornar essas linhas sentimentais mais graves, roucas.é, eu sei que você não gosta, mas o que há de fazer? Vou pegar um suco qualquer, quem sabe para escapar, não sei, prefiro mais acidez.
Não, você não precisa ir, e mesmo que fosse ainda ficaria. é, eu sei que você não entende, mas não importa, eu gosto disso. Não, não estou dizendo que você é tolo, ou talvez seja, mas afinal, eu gosto, de que importa, então? Tudo bem, tudo bem, eu tento ser mais clara.
Amor? não sei... mas amor...O que é amor? não, não fique chateado, é só uma palavra, simples, só isso. Sim, eu sei que você tem suas certezas, eu também queria ter, mas não sei, sou feita de questionamentos tolos e imprevisíveis, prefiro não comprometer minha rouquidão...
O que eu sinto? Eu gosto dos seus detalhes, não sei. Os poucos que te formam, tão frágeis e sinuosos, são belas tolices, eu acho. Não, já disse que não estou te chamando de burro, essas tolices a qual me refiro são apenas pequenas linhas meio púrpuras que eu costumo ver no seu olhar, sabe? Acho que você foi crescendo, crescendo, eu nem achava que seria tanta coisa.. Não, eu não sei se é amor, só sei que cresce.
Medo?? Tenho medo do escuro...Eu sei que amo a noite, o que tem? Talvez por isso ame mais ainda a Lua... Ah, tenho medo de não viver também, quero viver tudo, eu acho. Outro medo? não sei... tenho medo de me questionar demais, o que você acha? é, eu sei que você acha que eu não faço sentido, mas... Será que amar é não fazer sentido algum? Amar vai além dos sentidos, talvez, não sei.
Tudo bem, depois você lê a revista, me diz, o que é amar pra você? Então como crê em algo que não sabe? Não sabe descrever? Nossa, que clichê. É, talvez você seja clichê sim. Não, não brigue, eu também gosto da sua simplicidade, me preenche desse nada abstrato que você tanto refaz e refaz, essas minhas perguntas incompreendidas...
Cômico? Talvez,...Você sempre solta essa risada do nada, acho que eu gosto disso, dos tons graves meio espontâneos,é, eu gosto. Eu sei, eu sei, o suco acabou, talvez você possa pegar amoras no jardim agora...é, eu sei que você não tem amoras no jardim, mas por que não?

Naiara C. M.

Apresentações



Então, todo mundo vai perguntar, "porque outro blog,não sei o que?" esse tipo de coisa, então o primeiro post vai ser para esclarecer.
O "Pétalas do Luar" (http://petalasdoluar.blogspot.com/) é uma dentre as minhas faces.É um blog de formato mais escuro, gótico e talz, que eu amo muito e vou continuar cuidando e postando sempre que puder.
O "pétalas e divagações" reflete o meu cotidiano =) quer dizer, raramente as pessoas me vêem sem um sorriso qualquer! É essa face mais leve que quero expor aqui =D
enfim, não há um tema para o blog... vou discutir, informar, colocar citações, criações minhas, enfim ^^
e que as pétalas se perpetuem!