quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

A quem o inventou...!



"Quem inventou o amor
Me explica por favor
Enquanto a vida vai e vem
Você procura achar alguém 
Que um dia possa lhe dizer:
Quero ficar só com você"
(Legião Urbana - Antes das Seis)


“O maior elogio que eu poderia fazer a uma pessoa era dizer assim: gosto de você além da minha imaginação, não porque aprendi a gostar, mas porque por mais que eu sonhe, você é ainda melhor que o sonho. Você é além da minha capacidade em te imaginar. E eu jamais te diria isso. Não posso te fazer esse elogio. Não me esquece, por favor. Eu nunca vou esquecer você. Eu não soube o que fazer com você, mas sei o que fazer com o não você. Isso eu sei fazer e faço bem. Lembrar que era terrível e incrível. Terrível, meu amor, como poucas (ou nenhuma) coisas foram. Mas absolutamente incrível.”


Tati Bernardi.

sexta-feira, 25 de novembro de 2011


"É pelo medo de cair de novo que meus joelhos tremem. 
Eu quero, no mínimo, uma garantia." 


Tati Bernardi

Strip-Tease



Chegou no apartamento dele por volta das seis da tarde e sentia um nervosismo fora do comum. Antes de entrar, pensou mais uma vez no que estava por fazer. Seria sua primeira vez. Já havia roído as unhas de ambas as mãos. Não podia mais voltar atrás. Tocou a campainha e ele, ansioso do outro lado da porta, não levou mais do que dois segundos para atender. Ele perguntou se ela queria beber alguma coisa, ela não quis. Ele perguntou se ela queria sentar, ela recusou. Ele perguntou o que poderia fazer por ela. A resposta: sem preliminares. Quero que você me escute, simplesmente. Então ela começou a se despir como nunca havia feito antes.
Primeiro tirou a máscara: "Eu tenho feito de conta que você não me interessa muito, mas não é verdade. Você é a pessoa mais especial que já conheci. Não por ser bonito ou por pensar como eu sobre tantas coisas, mas por algo maior e mais profundo do que aparência e afinidade. Ser correspondida é o que menos me importa no momento: preciso dizer o que sinto".
Então ela desfez-se da arrogância: "Nem sei com que pernas cheguei até sua casa, achei que não teria coragem. Mas agora que estou aqui, preciso que você saiba que cada música que toca é com você que ouço, cada palavra que leio é com você que reparto, cada deslumbramento que tenho é com você que sinto. Você está entranhado no que sou, virou parte da minha história."
Era o pudor sendo desabotoado: "Eu beijo espelhos, abraço almofadas, faço carinho em mim mesma tendo você no pensamento, e mesmo quando as coisas que faço são menos importantes, como ler uma revista ou lavar uma meia, é em sua companhia que estou".
Retirava o medo: "Eu não sou melhor ou pior do que ninguém, sou apenas alguém que está aprendendo a lidar com o amor, sinto que ele existe, sinto que é forte e sinto que é aquilo que todos procuram. Encontrei".
Por fim, a última peça caía, deixando-a nua "Eu gostaria de viver com você, mas não foi por isso que vim. A intenção é unicamente deixá-lo saber que é amado e deixá-lo pensar a respeito, que amor não é coisa que se retribua de imediato, apenas para ser gentil. Se um dia eu for amada do mesmo modo por você, me avise que eu volto, e a gente recomeça de onde parou, paramos aqui".
E saiu do apartamento sentindo-se mais mulher do que nunca.

Martha Medeiros

quinta-feira, 24 de novembro de 2011

uma nostalgia qualquer...


Meu amor, minha flor
Eu preciso estar perto de você
A todo momento
Eu já não aguento mais
Essa solidão, esse tormento
Mas no fundo, bem fundo
A saída é um poço de águas claras
Onde brilha meus olhos a procura dos seus
Pensando em você - Flávio Venturini

quinta-feira, 17 de novembro de 2011


Ele pode estar olhando as suas fotos. Neste exato momento. Porque não? Passou-se muito tempo. Detalhes se perderam. E daí? Pode ser que ele faça todas as coisas que você faz. Escondida. Sem deixar rastro nem pistas. Talvez ele faça aquela cara de dengoso e sinta saudade do quanto você gostava disso. Ou percorra trajetos que eram seus, na tentativa de não deixar que você se disperse das lembranças. As boas. Por escolha ou fatalidade, pouco importa, ele pode pensar em você. Todos os dias. E ainda assim preferir o silêncio. Ele pode reler seus bilhetes, procurar o seu cheiro em outros cheiros. Ele pode ouvir as suas músicas, procurar a sua voz em outras vozes. Quem nos faz falta acerta o coração como um vento súbito qe entra pela janela aberta. Não há escape. Talvez ele perceba que você faz falta. E diferença. De alguma forma, numa noite fria. Você não sabe. Ele pode ser o cara com quem passará aquele tão sonhado inverno em Paris. Talvez ele volte. 
Você confia nele? 
-Sim. 

Caio Fernando Abreu

segunda-feira, 14 de novembro de 2011

Melancolia pré-feriado



Meu maior medo é viver sozinho e não ter fé para receber um mundo diferente e não ter paz para se despedir. Meu maior medo é almoçar sozinho, jantar sozinho e me esforçar em me manter ocupado para não provocar compaixão dos garçons. Meu maior medo é ajudar as pessoas porque não sei me ajudar. Meu maior medo é desperdiçar espaço em uma cama de casal, sem acordar durante a chuva mais revolta, sem adormecer diante da chuva mais branda.


Fabrício Carpinejar


"Chorei porque não era mais uma criança com a fé cega de criança. Chorei porque não podia mais acreditar e adoro acreditar. Chorei porque daqui em diante chorarei menos. Chorei porque perdi a minha dor e ainda não estou acostumada com a ausência dela."

Anaïs Nin


domingo, 13 de novembro de 2011

Saudades...



"Saudade é solidão acompanhada, é quando o amor ainda não foi embora, mas o amado já. Saudade é amar um passado que ainda não passou, é recusar um presente que nos machuca, é não ver o futuro que nos convida. Saudade é sentir que existe o que não existe mais. Saudade é o inferno dos que perderam, é a dor dos que ficaram para trás, é o gosto de morte na boca dos que continuam. Só uma pessoa no mundo deseja sentir saudade: aquela que nunca amou. E esse é o maior dos sofrimentos: não ter por quem sentir saudades, passar pela vida e não viver. O maior dos sofrimentos é nunca ter sofrido.”


Pablo Nerruda

quarta-feira, 2 de novembro de 2011

Vamos nos permitir!

Sonhe com aquilo que você quiser, vá para onde você queira ir,  seja o que você quer ser. Porque você possui apenas uma vida e nela só temos uma chance de fazer aquilo que queremos.
Tenha felicidade bastante para fazê-la doce, 
dificuldades para fazê-la forte, 
tristeza para fazê-la humana, 
e esperança suficiente para fazê-la feliz. 
As pessoas mais felizes não têm as melhores coisas, elas sabem fazer o melhor das oportunidades que aparecem em seus caminhos.  
A felicidade aparece para aqueles que choram,
para aqueles que se machucam, 
para aqueles que buscam e tentam sempre, 
e para aqueles que reconhecem a importância das pessoas que passam por suas vidas. 
O futuro mais brilhante é baseado num passado intensamente vivido. Você só terá sucesso na vida quando perdoar os erros e as decepções do passado. A vida é curta, mas as emoções que podemos deixar duram uma eternidade.  A vida não é de se brincar, porque em pleno dia se morre. 

(Clarice Lispector)

quinta-feira, 22 de setembro de 2011



"Lembra, moço, que meu sorrir é quem fala, porque eu não sei lidar com palavras, não."

(Jaya Magalhães)


"Eu ia te escrever qualquer dia, eu tinha — e tenho — um monte de coisas pra te dizer, aquelas coisas que a gente cala quando está perto porque acha que as vibrações do corpo bastam, ou por medo, não sei. Mas as coisas todas, externointerno, eram muito difíceis e escuras, eu não tinha condições de mostrar ou dar nada a ninguém que não fosse também escuro, compreende? Eu não queria, eu não quero dar trevas, dor, medo, solidão — eu quero dar e ser luz, calor, amparo (naquela cerimônia do chá em Sta. Teresa eu disse que queria ser ombro, você disse que queria ser um ovo — será que um ovo pode se apoiar num ombro sem quebrar?)." 
Caio Fernando Abreu

terça-feira, 30 de agosto de 2011



"Eu preciso aprender a ser menos. Menos dramática. Menos intensa. Menos exagerada. Alguém já desejou isso na vida: ser menos? Pois é. Estranho. Mas eu preciso. Nesse minuto, nesse segundo, por favor, me bloqueie o coração, me cale o pensamento, me dê uma droga forte para tranqüilizar a alma. Porque eu preciso. E preciso muito. Eu preciso diminuir o ritmo, abaixar o volume, andar na velocidade permitida, não atropelar quem chega, não tropeçar em mim mesma. Eu preciso respirar. Me aperte o pause, me deixe em stand by, eu não dou conta do meu coração que quer muito. Eu preciso desatar o nó. Eu preciso sentir menos, sonhar menos, amar menos, sofrer menos ainda. Aonde está a placa de PARE bem no meio da minha frase? Confesso: eu não consigo. Nada em mim para, nada em mim é morno, nada é pouco, não existe sinal vermelho no meu caminho que se abre e me chama. E eu vou... Com o coração na mochila, o lápis borrado, o sorriso e a dúvida, a coragem e o medo, mas vou... Não digo: "estou indo", não digo: "daqui a pouco", nada tem hora a não ser agora. Existe aí algum remedinho para não-sentir? Existe alguma terapia, acupuntura, pedras, cores e aromas para me calar a alma e deixar mudo o pensamento? Quer saber? Existe. Existe e eu preciso. Preciso e não quero." 

(Fernanda Mello em: Princesa de Rua) 

quinta-feira, 18 de agosto de 2011

Ao tempo...

"Um lugar deve existir,
Uma espécie de bazar,
Onde os sonhos extraviados vão parar...
Entre escadas que fogem dos pés
E relógios que rodam pra trás...
Se eu pudesse encontrar meu amor
-Não voltava jamais."
A Moça do Sonho - Chico Buarque


"Não digas onde acaba o dia.
Onde começa a noite.
Não fales palavras vãs.
As palavras do mundo.
Não digas onde começa a Terra,
Onde termina o céu
Não digas até onde és tu.
Não digas desde onde és Deus.
Não fales palavras vãs.
Desfaze-te da vaidade triste de falar.
Pensa,completamente silencioso,
Até a glória de ficar silencioso,
Sem pensar."
Cecília Meireles

terça-feira, 9 de agosto de 2011



"Não, não quero mais gostar de ninguém, porque dói. Não suporto mais nenhuma morte de ninguém que me é caro. Meu mundo é feito de pessoas que são as minhas - e eu não posso perdê-las sem me perder."

(Clarice Lispector)


domingo, 7 de agosto de 2011



“ Fui abençoada com um coração meiguíssimo e em contrapartida com um pavio bem curto. Exatamente igual a um vidro: se me jogar no chão eu quebro...mas se me pisar, te corto

Martha Medeiros

quarta-feira, 6 de julho de 2011

O que se foi ainda é o que se é



...estou procurando, estou procurando.Estou tentando me entender. Tentando dar a alguém o que vivi e não sei a quem, mas não quero ficar com o que vivi. Não sei o que fazer do que vivi, tenho medo dessa desorganização profunda.
Clarice Lispector


Ele não sabe mais nada sobre mim. Não sabe que o aperto no meu peito diminuiu, que meu cabelo cresceu, que os meus olhos estão menos melancólicos. Ele não sabe quantos livros pude ler em algumas semanas. Não sabe quais são meus novos assuntos nem os filmes favoritos. Ele não sabe quantos amigos desapareceram desde que me desvencilhei da minha vida social intensa. Ele não sabe que eu nunca mais me atentei pra saudade. Que simplesmente deixei de pensar em tudo que me parecia instável. Que aprendi a não sobrecarregar meu coração, este órgão tão nobre. Ele não sabe que tenho estado tão só sem a devastadora sensação de me sentir sozinha. Ele não sabe que desde que não compartilhamos mais nada sobre nós, eu tive que me tornar minha melhor companhia: ele nem imagina que foi ele quem me ensinou esta alegria.


Caio Fernando Abreu

terça-feira, 28 de junho de 2011

E hoje...



"De ontem em diante serei o que sou no instante agora
Onde ontem, hoje e amanhã são a mesma coisa
Sem a idéia ilusória de que o dia, a noite e a madrugada
são coisas distintas
Separadas pelo canto de um galo velho
"
De ontem em Diante - O Teatro Mágico


Realmente o tom geral devia estar pessimista.O pessimismo passou mas o bom propósito não: farei o possível para não amar demais as pessoas, sobretudo por causa das pessoas. Às vezes o amor que se dá pesa, quase como uma responsabilidade na pessoa que o recebe. Eu tenho essa tendência geral para exagerar, e resolvi tentar não exigir dos outros senão o mínimo. É uma forma de paz... Também é bom porque em geral se pode ajudar muito mais as pessoas quando não se está cega pelo amor.


Clarice Lispector

domingo, 5 de junho de 2011

E suporte as cinco horas posteriores, e posteriores...



"Eu sei que determinada rua que eu já passei
Não tornará a ouvir o som dos meus passos.
Tem uma revista que eu guardo há muitos anos
E que nunca mais eu vou abrir. (...)
A morte, surda, caminha ao meu lado
E eu não sei em que esquina ela vai me beijar
"
Canto para a minha morte - Raul Seixas 


"E hoje não. Que não me doa o existir dos outros, que não me doa hoje pensar nessa coisa puída de todos os dias, que não me comovam os olhos alheios e a infinita pobreza dos gestos com que cada um tenta salvar o outro deste barco furado. Que eu mergulhe no roxo deste vazio de amor de hoje e sempre e suporte o sol das cinco horas posteriores, e posteriores, e posteriores ainda."

Caio Fernando Abreu

sábado, 19 de março de 2011

Mar Aberto



"Que sem nós dois o que resta sou eu
Eu assim ... tão só [...]

Ah! O amor!
Quando é demais ao findar leva a paz [...]
Sim! Meus olhos choram a falta dos teus
Estes teus olhos que foram tão meus"



Preciso Aprender a ser Só - Tom Jobim


"penso sempre que o mar não é esse denso escuro que me contas, sem palmeiras nem ilhas nem baías nem gaivotas, mas um outro mais claro e verde, num lugar qualquer onde é sempre verão e as emoções limpas como as areias que pisamos, não sabes desse meu mar porque nada digo, e temo que seja outra vez aquela coisa piedosa, faminta, as pequenas-esperanças, mas quando desvio meu olho do teu, dentro de mim guardo sempre teu rosto e sei que por escolha impossível recuar para não ir até o fim e o fundo disso que nunca vivi antes e talvez tenha inventado apenas para me distrair nesses dias onde aparentemente nada acontece e tenha inventado quem sabe em ti um brinquedo semelhante ao meu para que não passem tão desertas as manhãs e as tardes buscando motivos para os sustos e as insônias e as inúteis esperas ardentes e loucas invenções noturnas, e lentamente falas, e lentamente calo, e lentamente aceito, e lentamente quebro, e lentamente falho, e lentamente caio cada vez mais fundo e já não consigo voltar à tona porque a mão que me estendes ao invés de me emergir me afunda mais e mais enquanto dizes e contas e repetes essas histórias longas, essas histórias tristes, essas histórias loucas como esta que acabaria aqui, agora, assim, se outra vez não viesses e me cegasses e me afogasses nesse mar aberto que nós sabemos que não acaba assim nem agora nem aqui."


Caio Fernando Abreu

Tão frágil...



"Let the poets pipe of love
In their childish way [...]

If you want the thrill of love
I've been through the mill of love
Old love, new love
Every love but true love...Love for sale"
Love for sale - Diana Krall
Uma pessoa, quando tá longe, vive coisas que não te comunica, e tu, aqui, vive coisas que não a comunica. Então vocês vão se distanciando e quando vocês se encontrem, vocês vão falar assim: oi, tudo bom e tal, como é que vão as coisas? E aí ele vai te falar por cima de tudo o que ele viveu e, não sei, vai ser uma proximidade distante. Não adianta, no momento que as pessoas se afastam elas estão irremediavelmente perdidas uma pra outra.
Caio Fernando Abreu 

sábado, 29 de janeiro de 2011

Coruja



"Ponho os meus olhos em você
Se você está
Dona dos meus olhos é você
Avião no ar
Dia pra esses olhos sem te ver
É como o chão do mar"

Luz dos Olhos- Cássia Eller


"Tinham um olhar dentro, de quem olha fixo e sacode a cabeça,
acenando como se numa penetração entrassem fundo demais, concordando,
refletidas. Olhavam fixo, pupilas perdidas na extensão amarelada das órbitas, e
concordavam mudas. A sabedoria humilhante de quem percebe coisas apenas
suspeitas pelos outros. Jamais saberíamos das conclusões a que chegavam,
mas oblíquos olhávamos em tomo numa desconfiança que só findava com
algum gesto ou palavra.
Nem sempre oportunos. O fato é que tínhamos medo, ou quem sabe
alguma espécie de respeito grande, de quem se vê menor frente a outros seres
mais fortes e inexplicáveis. Medo por carência de outra palavra para. melhor
definir o sentimento escorregadio na gente, de leve escapando para um canto
da consciência de onde, ressabiado, espreitaria. E enveredávamos então pelo
caminho do fácil, tentando suavizar o que não era suave. Recusando-lhes o
mistério, recusávamos o nosso próprio medo e as encarávamos rotulando-as
sem problema como "irracionais", relegando-as ao mundo bruto a que deviam
forçosamente pertencer. O mundo de dentro do qual não podiam atrever-se a
desafiar-nos com o conhecimento de algo ignorado por nós. Pois orgulhos,
não admitiríamos que vissem ou sentissem além de seus limites.
Condicionadas a seus corpos atarracados, de penas cinzentas e três garras
quase ridículas na agressividade forçada -condicionadas à sua precariedade,
elas não poderiam ter mais do que lhe seria permitido por nós, humanos."


Caio Fernando Abreu