sexta-feira, 26 de novembro de 2010


"Cansada.
Fatigada de percorrer essas ruas vazias.
Reflexos insanos.
Espelhos mortos.

Cansada.
Por trilhar essas estradas frias.
Máscaras vis
Do mundo dos enfermos!

Vista-se desse tolo calar!
Afogue-se sobre tua doce humanidade...
Livra-me desse pesar!

Vá coberto desse teu manto sujo!
Que já escorre pelo meu rosto
Essas tuas faces mortais!"

Naiara C. M.



"Afastou o próprio rosto e contemplou novamente o outro rosto. Embora destruído, o que restava do outro rosto continuava belo, e ainda imóvel, e também indecifrável. Então percebeu: o outro rosto não era um rosto vivo. O outro rosto era uma máscara morta sobre um outro rosto vivo. Estendeu as duas mãos e arrancou a máscara do outro rosto. Por trás da máscara, por baixo do outro rosto estava o rosto dele mesmo. Inteiro e sem ferimento algum, o rosto dele mesmo. E era lindo, o próprio rosto vivo por trás da máscara morta do outro rosto. Ele ficou olhando o próprio rosto. Ele estendeu as mãos e tocou o próprio rosto com todo carinho—e eram hirto, esse carinho — que era capaz."

Caio Fernando Abreu



"Alea Jacta Est"

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